Se você já sentiu algum dia o dia estava “curto” para dar conta de todas as coisas que tinha para fazer, há chances de que tenha experimentado um “estresse temporal”, aquela sensação de estar numa corrida e sem condições de chegar ao fim. De acordo com um estudo recente publicado no Journal of Marketing Research, esse estresse pode ser apenas uma impressão que nasce da ansiedade, ao ver a quantidade de tarefas a serem feitas.

“A maioria de nós experimenta em algum momento a sensação de não ter tempo suficiente para executar as tarefas do trabalho, mas isso nem sempre é verdade”, afirma Jordan Etkin, professora-assistente de marketing na Fuqua School of Business da Duke University, a Stephanie Vozza, em artigo da Fast Company.

 

Para determinar as causas da “pressão do tempo”, Jordan e a equipe de pesquisadores conduziram uma experiência em que pediam a voluntários para listar tarefas normalmente demoradas. Logo depois, eles tinham de se imaginar completando essas tarefas. Os pesquisadores acrescentavam ao cronograma tarefas que gerassem um conflito de prioridade ou de objetivo.

 

Em alguns casos, os participantes tinham que se virar para completar duas tarefas que tinham o mesmo prazo final. Em outras situações, era uma questão financeira, como escolher entre guardar dinheiro para uma velhice mais confortável ou usar os mesmos recursos para comprar uma casa maior.

O que os pesquisadores perceberam é que quando havia um conflito na realização das tarefas, o nível de ansiedade aumentava e os voluntários sentiam-se mais pressionados.

 

“Não significa necessariamente que se tenha mais coisas para fazer, mas quando há um conflito – ainda que a razão não tenha ligação com o tempo – as pessoas ainda têm a impressão de que têm pouco tempo para dar conta de tudo”, diz Jordan Etkin. Segundo a pesquisadora, há quatro coisas que você pode fazer para reduzir essa impressão e lidar com o problema:

 

  1. Controlar sua respiração
    Respirar profundamente e pausadamente diminui o estresse. “Algumas pessoas chamam isso de respiração para prática da yoga ou para meditação”, diz Jordan. Basicamente, é inspirar profundamente contando até cinco bem devagar e expirar contando até seis no mesmo ritmo. “Isso reduz a ansiedade e faz com que você sinta que tem mais tempo”.
  2. Transformar a ansiedade em uma emoção produtiva
    A ansiedade é uma emoção negativa, mas ao ser despertada, ela leva a pessoa a querer tomar uma atitude. O mesmo acontece quando se fica agitado. A diferença, no caso, é que a segunda é uma emoção positiva. Por isso, diz Jordan Etkin, é possível fazer com que seu cérebro transforme a ansiedade em entusiasmo. “É só repetir em voz alta: “Estou agitado”, “estou agitado””, diz a pesquisadora. “Com isso você reforçará os sentimentos e seu cérebro vai aceitar aquela experiência como algo positivo”.

 

  1. Idetificar o que é realmente importante
    Há momentos em que você realmente tem muita coisa a fazer. Nessas horas, é possível lidar com o estresse ao estabelecer prioridades. “Muitas vezes, o conflito surge quando não se tem uma ideia clara do que deveria ser feito primeiro”, diz Jordan. Faça uma lista minuciosa dos seus objetivos, como se manter saudável, ter tempo para os filhos ou ter um bom emprego. Ao olhar para a lista das suas prioridades, vai ficar mais evidente o que deve vir em primeiro lugar.

 

  1. Parar de dizer “Estou ocupado”
    Tem gente que gosta de enfatizar “Ah, estou tão ocupado, não tenho tempo para nada”. Isso não é bom, segundo a pesquisadora. “Nossa cultura menospreza a preguiça e valoriza a produtividade, mas há um movimento crescente que vai em direção ao mindfulness”, diz. “Temos muito a ganhar por não estarmos sempre ocupados”. Portanto, quando sentir que está sendo engolido pelas tarefas, dê um passo para trás. “Acalme-se. Pode te assustar no início, mas com o tempo vai ver que é algo muito reconfortante e que lhe trará prazer”.

Para Jordan Etkin, a conclusão mais importante desse estudo é que todas as pessoas têm o controle da sensação de tempo. “Nós temos a impressão que não temos tempo, mas sempre temos mais tempo do que nos parece”, diz ela. “Se conseguirmos gerenciar nossa experiência real de tempo usando intervenções e reduzindo os conflitos, isso vai ficar muito claro para nós”.

 

Matéria publicada por Época Negócios Online